sexta-feira, 15 de março de 2013

Análise: Far Cry 3 é tudo o que sonhamos e infinitamente mais do que esperavamos


Em Far Cry 3 a Ubisoft abandonou a linha de personagens casca grossa do primeiro e segundo título. Com isso, o game consegue entregar muito mais que uma experiência de ação na selva ao estilo Rambo e Mercenários.
Com Jason, o universitário filhinho de papai, tudo é ameaçador. E por mais que exista certo respaldo atlético em seu histórico de alpinismo, snowboarding, parasailing e paraquedismo, encarar a Ilha Rook não é um exercício de adrenalina e sim de sobrevivência.
Após a fuga do acampamento pirata o “garoto” é encontrado por um “nativo” e introduzido  a algumas mecânicas da ilha e ensinamentos dos guerreiros Rakyat. Com estes conhecimentos o rapaz poderá salvar seus amigos e possivelmente derrotar um dos vilões mais sádicos desta geração.
Todos os personagens envolvidos na trama conseguem ser cativantes de forma singular e a contribuição de cada um à história é o que torna a trama mais complexa e interessante. Entender a história de Jason, seus amigos e principalmente as motivações dos habitantes da ilha que participam do conflito pelo poder é uma aventura a mais entre tiroteios e explosões.
Obra digna de museu
Far Cry 3 alcança o limite gráfico, tanto no console da Microsoft quanto no da Sony. Tanto o design de levels quanto o de personagens e animais é primoroso, e torna a interação com a ilha uma experiencia graficamente memorável com florestas, vales, rios e até mesmo ruínas que impressionam pela composição de elementos e suavidade proporcionada pelo anti-alising.
Os cenários magníficos em muitos momentos são mesclados com trilhas sonoras muito bem compostas e adequadas que vão de musica clássica a rock, passando até mesmo por um dubstep pesado, assinado pelo popcult Skrillex.
A composição dos elementos audiovisuais de Far Cry 3 fazem o game transcender qualquer classificação gráfica e sonora, o nível artístico alcançado pela Ubi com este título deve fazer os demais estúdios terem inveja e mostra que é mais que possível criar algo que deixa de ser apenas um jogo e passa a ser uma obra de arte.
Guia de sobrevivência: Não entre em pânico
Tanto fauna quanto flora possuem vida própria, e diferente da experiência de “vida selvagem” entregue no último game de assassinos da desenvolvedora, Far Cry 3 leva a natureza ao limite e a torna elemento essencial, para o desenvolvimento do personagem e conquista de territórios.
Tudo é construído de forma bem lógica. Para atingir o objetivo final, matar Vaas e libertar geral, é preciso metralhar muita gente no processo, portanto, quanto mais granadas, armas e suprimentos a disposição, melhor.
Como em todo jogo, dinheiro é importante. Porém, na Ilha de Pedra ele não compra tudo. Para conseguir carregar mais dinheiro e equipamentos é preciso ter uma bolsa com espaço, um bom coldre e outros equipamentos necessários para bagagem.
Infelizmente não existe uma loja na ilha que venda esses acessórios essenciais para carregar seu “kit Rambo”, portanto é preciso “farmar” peles de animais e manufaturar todas as atualizações de bags. Esta é a principal mecânica de desenvolvimento do game.
Alguns animais estão em áreas inexploradas, dessa forma é preciso desativar as torres de rádio para ter visão das regiões e localizar a área de caça desejada.
Infelizmente todas as áreas possuem postos avançados de piratas o que torna o ambiente hostil, então, para caçar sem riscos é preciso dominar estes pontos que estão localizados em montanhas, vales, planícies ou áreas costeiras.
Como parte da estratégia para dominar - ou invadir - certas regiões, o mapa desempenha função estratégica essencial por mostrar o relevo de cada área. Assim, alguns pontos podem ser atacados com uma estratégia mais sólida do que a sempre viável artilharia pesada.
Os postos de controle também fornecem boa movimentação pelo mapa com o uso das viagens rápidas, além de serem bons postos de abastecimento para adquirir suprimentos e até mesmo veículos para deslocamento por terra.
O mais legal de tudo isso é que a vida selvagem segue seu ciclo natural e animais carnívoros precisam comer e se defender dos invasores da ilha, então não se surpreenda se em meio a um tiroteio um urso ou um tigre resolver participar da briga. Da mesma forma que nós, a natureza precisa sobreviver, até mesmo em um game.
Viva para contar história
Far Cry 3 é com certeza o game do ano. Seu ecossistema é perfeito e os elementos de progresso são tão interdependentes que, quando menos se espera, aquela missão super legal foi substituída por alguns tiroteios aleatórios, três brigas com tigres e um passeio de asa delta.
Uma das coisas que pode passar despercebida devido à enorme imersão fornecida pelo game é a possibilidade de jogar como bem entender. Isso ocorre de forma tão natural que quando me dei conta tinha quase dez horas de jogo e minhas mochilas de explosivos estavam extremamente desenvolvidas, enquanto meu coldre estava em um nível básico, podendo carregar apenas duas armas, um rifle de assalto e uma espingarda. Nesta hora percebi que em nenhum momento pensei em utilizar recursos de stealth do game e que meu gameplay poderia ser totalmente diferente.
Assim como outros games que levam a sério o estilo mundo aberto, ou sandbox, Far Cry 3 dá a liberdade que muitos jogadores amam.
Os demais modos do game são apenas bons complementos, muito bem vindos, a uma história e um mundo brilhante. Tanto o modo cooperativo quanto multiplayer online conseguem atender diferentes necessidades. O cooperativo apresenta uma nova campanha com personagens diferentes da campanha principal e possibilita aos jogadores conhecer um pouco mais da ilha, já o modo multiplayer apresenta embates frenéticos em sistemas diferentes de disputa de times, oferecendo novas armas letais aos jogadores. Com isso a vida útil do game é maior que a de qualquer outro lançado em 2012.
Poucas coisas são questionáveis no jogo, principalmente em sua construção técnica, porém alguns detalhes não passaram despercebidos. Como na grande maioria dos jogos a "sincagem" das falas de áudio possui um pequeno delay que acaba sendo desconfortável em alguns eventos, além disso as legendas em português poderiam ter melhor adequação em alguns jargões, mas nada disso acaba tirando o imenso brilho do título.
Avaliação:
Enredo: 100
Arte: 100
Áudio: 97
Jogabilidade: 98
Conjunto: 100

Nota final: 99

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